Município de Guimarães promove reunião para diminuir o custo do tratamento de águas residuais no Ave

Na passada segunda-feira, o Vereador responsável pela Divisão de Desenvolvimento Económico da Câmara Municipal de Guimarães, Ricardo Costa, em conjunto com uma comitiva de empresários, associações e autarcas, promoveu uma reunião com o Governo para redução dos preços de tratamento de águas cobrados aos empresários têxteis da região.

Município de Guimarães

Além do ministro João Pedro Matos Fernandes, participou João Ataíde, o novo secretário de Estado do Ambiente, e José Machado do vale, presidente da Águas do Norte. Estiveram à mesa com o Governo perto de dez empresas, entre elas a JF Almeida, Polopique ou Lameirinho, e representantes da Agência Portuguesa do Ambiente. A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal fez-se representar pelo presidente, Paulo Teixeira de Melo, da Têxtil Somelos.

“O Governo está consciente do problema. Está amarrado a um contrato de concessão que o temos de cumprir, mas é necessário sentar à mesa das negociações a Tratave e a Águas do Norte para chegar a um equilíbrio porque o custo que está a ser cobrado pelo tratamento de águas é bastante mais alto do que aquele que deveria ser”, salientou Ricardo Costa, sublinhando que os empresários do sector têxtil estão perante “uma concorrência desleal”.

“Um empresário que está instalado em Guimarães, comprometido com a sua responsabilidade social e ambiental, concorre globalmente com quem produz em outras regiões onde não são exigidas essas responsabilidades. Há uma concorrência desleal do ponto de vista do seu custo de produção”, observou, garantindo empenho em “tudo aquilo que puder ser feito para a redução dos custos de contexto e custos fixos das empresas não só pelos empresários, mas também pela empregabilidade”. “Estamos a falar de mais de 10 mil trabalhadores do sector nesta região”, insistiu, ao apontar a dependência do sector têxtil da água.

“A questão está amarrada a um contrato de concessão feito há anos, mas as circunstâncias em que foi feito eram completamente diferentes, com outras condições macroeconómicas. Por isso, é preciso negociar. As empresas visam o lucro, mas a Tratave tem um volume de negócios de 15 milhões de euros, emprega 60 pessoas e tem um resultado líquido de três milhões. Já uma empresa como a JF Almeida que tem um volume de negócios de 60 milhões de euros, emprega 750 pessoas diretas e mais 200 pessoas indiretas, e tem o mesmo resultado líquido”, referiu, alertando que “é preciso perceber e as empresas têm de ter esta consciência de alterar as condições quando o mercado está diferente”.

“Acredito no bom senso, porque estão a ser prejudicadas empresas que podem criar mais emprego”, afirmou Ricardo Costa, reconhecendo que o Ministério do Ambiente já fez uma investida numa primeira reunião. “Penso que não foi muito bem-sucedida, mas tem de haver esta abertura para que as pessoas percebam que o custo cobrado é bastante mais alto do que o custo real”, insistiu. “O custo que está a ser cobrado ronda 65 cêntimos por m3, quando o custo real poderá ser de 50 cêntimos. Há um exagero relativamente ao que está a ser cobrado às empresas.

Os custos com o tratamento das águas estão a gerar uma onda de insatisfação nos empresários do sector têxtil, pois nos últimos cinco anos, a tarifa do tratamento das águas residuais da Águas do Norte subiu 16%. Ricardo Costa deu o exemplo: “numa empresa pode representar cerca de 30 a 40 mil euros por mês, ou seja, poderá ser uma fatura de cerca de 500 mil euros por ano no tratamento das águas. É um custo com um impacto grande, é um custo que tem de se ter, mas temos de perceber que quando o custo é exagerado temos de fazer tudo para defender o emprego”.