Os mil arco-íris da Wolf & Rita

Numa altura em que o mercado está mais cinzento, a nova coleção da marca de vestuário de criança pertencente à comunidade Guimarães Marca, está repleta de cor e mensagens positivas, que a Wolf & Rita quer levar para novas latitudes, incluindo uma aposta mais forte no Médio Oriente.

Na reportagem que podemos ler no Portugal Têxtil, Sónia Rocha, uma das fundadoras da marca, diz que “A Thousand Rainbows” é o tema da mais recente coleção da Wolf & Rita, conhecida pelas propostas de moda infantil com identidade própria. «As propostas para a primavera-verão 2025 são inspiradas no trabalho gráfico e colorido da Irmã Corita Kent, uma freira que se destacou pela educação através da arte e pela sua luta pelos direitos humanos», explica Sónia Rocha, uma das fundadoras da marca.

Os coordenados refletem o espírito de esperança e união através de uma paleta colorida e mensagens positivas. «Tentámos traduzir as suas mensagens de amor e união nos nossos designs, com cores vibrantes e técnicas de serigrafia que capturam a essência do seu trabalho», indica Rita Resende, responsável de wholesale. Há ainda as riscas, «desenvolvidas numa tecelagem em Guimarães» e os estampados com «referências da mensagem dela», acrescenta.

A nova coleção foi apresentada internacionalmente, nomeadamente na feira parisiense Playtime, a única que a marca faz de forma direta atualmente – outras apresentações são feitas por agentes – e a recetividade foi positiva. No geral, «o verão é sempre mais fácil para nós, onde nos reinventámos, apesar de nos mantermos fiéis à Wolf & Rita», assume Rita Resende, até porque, sublinha Sónia Rocha, «o que mais ouvimos é que continuamos a ter uma identidade muito marcada, muito própria. Continua a ser um produto original».

Na Playtime, em específico, «tínhamos expectativas baixas por causa dos Jogos Olímpicos e dúvidas sobre a vinda dos compradores», assume Sónia Rocha, mas foram muitas as visitas ao stand, «de clientes habituais e novos contactos, especialmente do nosso mercado mais forte, o asiático», refere.

Este mercado, que inclui compradores chineses, japoneses e coreanos, continua a ser uma base sólida para a marca. No entanto, a marca não esconde os desafios que enfrenta. «O Japão está a passar por uma crise económica grave e isso afetou o poder de compra dos nossos clientes. Continuam a comprar, mas com orçamentos reduzidos», explica ao Portugal Têxtil a cofundadora da Wolf & Rita.

Nos EUA, que são o seu segundo principal mercado, a Wolf & Rita espera «um crescimento grande, na realidade», antecipa Sónia Rocha, em parte devido a um novo agente, mas o investimento mais forte está a ser feito no Médio Oriente. «Ouvimos com muita frequência que é um produto bastante adaptado ao Médio Oriente», justifica Rita Resende. «É um mercado bom para nós em volume, embora haja poucos pontos de venda, e a ideia é difundir por mais países onde estamos menos representados», reforça Sónia Rocha. Além disso, acrescenta, «temos tido um crescimento neste mercado em relação aos clientes finais [no Médio Oriente] através do nosso site».

Representando atualmente cerca de 10% da produção da Mefri, a empresa de confeção à qual está ligada, o objetivo será que «a marca passe a ser 25% do volume de faturação da empresa», confessa a cofundadora da Wolf & Rita, mas «estamos numa fase complicada para conseguir isso», realça. «A situação é muito incerta. Estamos num barco a atravessar uma tempestade. Temos de nos manter à tona e continuar a trabalhar, mesmo quando o mercado está reticente e as apostas são mais cautelosas. Esperamos que 2024 seja o ponto de viragem», conclui Sónia Rocha.

 

In: Portugal Têxtil

Fotografia: Wolf & Rita Facebook