Sustentabilidade em debate: ATP e Guimarães Marca organizam mesa redonda sobre desafios ESG no Setor Têxtil e Vestuário

A relevância estratégica de Guimarães enquanto território de inovação sustentável voltou a evidenciar-se com a realização da mesa redonda “ESG: O impacto para as empresas do ITV – Indústria Têxteis e do Vestuário”, que decorreu no passado dia 17 de julho, no Laboratório da Paisagem. A iniciativa conjunta entra a GLX LTM e a Finitor Consulting, promovida pela ATP – Associação Têxtil de Vestuário de Portugal e pelo Município de Guimarães, reuniu especialistas, empresas e entidades locais num momento de reflexão coletiva sobre os desafios e oportunidades da sustentabilidade no setor. 

O painel de oradores contou com a presença de Flávio Freitas, adjunto do Presidente para a área económica do Município de Guimarães, Carlos Ribeiro, Diretor Executivo do Laboratório da Paisagem, Ana Cristina Assis, Especialista em Sustentabilidade na FINITOR CONSULTING, Daniela Amorim, Manager de ESG da KPMG, Ana Dinis, Diretora-Geral da ATP, Luís Rochartre Álvares, Especialista em Sustentabilidade na FINITOR CONSULTING, e Paulo Lopes, responsável pelas compras de matérias-primas na J.F. Almeida, S.A. A moderação da mesa redonda ficou a cargo de Gonçalo Gama Lobo, sócio da GLX LTM.  

Flávio Freitas, Adjunto do Presidente da Câmara Municipal de Guimarães para a área Económica, reforçou o papel mobilizador da autarquia e do projeto Guimarães Marca como agentes facilitadores da transição verde. “O caminho está a ser feito em parceria, com as empresas, com as universidades, com a comunidade. A candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia 2025 é reflexo dessa aposta conjunta.” 

Carlos Ribeiro, Diretor Executivo do Laboratório da Paisagem, reforçou o papel das entidades de conhecimento como facilitadores da transição climática. “O Laboratório está empenhado em apoiar o tecido económico local com equipas dedicadas, promovendo a ligação entre ciência e empresas, e ajudando na procura de financiamentos para a transição verde”, referiu. Sublinhou ainda a relevância destes momentos de partilha: “Estas sessões ajudam a clarificar temas complexos e a gerar sinergias para acelerar a transição.” 

Durante a sessão, Ana Cristina Assis destacou o atual contexto regulatório europeu, sublinhando que o “Stop the Clock” legislativo está a dar às empresas uma oportunidade única de estruturar com mais profundidade as suas estratégias ESG. Defendeu uma abordagem baseada em quatro fases – diagnóstico, planeamento, integração e implementação, enfatizando que o verdadeiro valor está na criação de impacto e não apenas na resposta às obrigações legais. 

A apresentação de Daniela Amorim permitiu conhecer dados preliminares de um estudo da KPMG, baseado na análise de 300 relatórios de sustentabilidade, incluindo de empresas têxteis portuguesas como a Riopele e a Tintex. Abordou ainda os desafios e oportunidades que a iniciativa Omnibus traz para o setor, questionando se esta representa uma maior agilidade regulatória ou uma simples recalibração de metas, enquanto destacou que, para as PME, temas como energia, água, resíduos e condições de trabalho são essenciais no percurso ESG. 

A mesa redonda que se seguiu permitiu abordar os desafios e oportunidades da sustentabilidade no setor têxtil, como o impacto da iniciativa Omnibus, a adaptação das PME aos critérios ESG, a complexidade da cadeia de valor, e temas como inteligência artificial, matérias-primas sustentáveis, economia circular e reporte de práticas responsáveis. 

 Ana Dinis, da ATP, enfatizou o duplo impacto da adoção de critérios ESG: “As organizações que fazem esse caminho percebem logo os resultados internos, mas comunicar essa diferença ao exterior, de forma a atingir novos mercados e aumentar margens, é ainda um grande desafio”, referiu. Realçou ainda a importância de acompanhar os desenvolvimentos legislativos europeus e apelou à articulação contínua entre empresas e entidades representativas. No plano empresarial, Paulo Lopes partilhou a experiência da JF Almeida na integração da sustentabilidade, enfatizando a necessidade de um planeamento a médio e longo prazo e o envolvimento de toda a cadeia de fornecimento. Já Luís Rochartre Álvares insistiu que a sustentabilidade deve ser encarada como uma transformação estrutural e estratégica do negócio, ultrapassando o mero cumprimento regulatório. 

Esta iniciativa reforçou o posicionamento de Guimarães como polo de referência no debate estratégico sobre sustentabilidade empresarial, com o Guimarães Marca a afirmar-se como plataforma fundamental para a articulação entre empresas, poder local e centros de conhecimento, consolidando o território como um motor da transição para uma indústria têxtil mais resiliente, responsável e sustentável.