Bless Internacional, a responsabilidade social em primeiro lugar

A Bless Internacional, situada no concelho, que temos o prazer de acolher na Comunidade Guimarães Marca desde 2017, é uma empresa que se destaca pela qualidade e forma de estar no setor têxtil.

Nascida em 1995, na altura batizada de Josborda, com o foco exclusivamente voltado para o bordado, rapidamente, alargou o seu âmbito de ação à produção de confeção, desenvolvendo-se e crescendo até se tornar na Bless Internacional que hoje conhecemos e que representa com mais rigor aquilo que define o ADN da empresa. Um ADN muito focado na qualidade dos serviços que presta, na relação de confiança que tem com os seus clientes e, sobretudo, no modo como encara a sustentabilidade do negócio em função de todos aqueles que dele fazem parte, ou seja, do seu capital humano.

Silvia Costa, Gerente da Bless Internacional

Acompanhando o desenvolvimento da Bless Internacional praticamente desde o seu inicio, Sílvia Costa, gerente da empresa, recebeu o Guimarães Marca e falou-nos acerca do percurso do negócio, um caminho intimamente relacionado com o seu próprio percurso pessoal nos 26 anos em que faz parte da empresa, dizendo que Bless Internacional, “ainda é uma empresa pequena em dimensão física, mas grande em conhecimento adquirido ao longo do tempo através de clientes, trabalhadores e fornecedores”, um conhecimento que sublinha, permitiu que a Bless se tornasse “uma empresa mais flexível e versátil, assim como mais observadora do mercado e aberta às suas mudanças, necessidades e aos desafios que tem apresentado nos últimos tempos”.

Esta postura frente ao mercado, flexível e versátil, é o que Sílvia Costa admite ser o grande fator diferenciador da empresa em relação à concorrência, na medida em que, como ressalvou, “conseguimos adaptar-nos às necessidades do cliente, uma vez que não nos focamos apenas na produção de peças num único tipo de malha/tecido, apresentando um leque mais alargado de matérias-primas que vão além do mais tradicional, apostando em oferecer soluções com materiais mais delicados e diferentes, numa lógica de maior versatilidade e oferta”.

“Os próximos 5 anos serão um grande desafio para quem pretende continuar a confecionar com qualidade no nosso país.”

Os últimos anos têm sido especialmente desafiadores para o setor, com diferentes obstáculos a terem de ser ultrapassados sendo que, para a gerente da Bless Internacional, o maior desafio que o têxtil nacional terá de enfrentar no futuro está relacionado com o problema da falta de mão-de-obra especializada, referindo que “os próximos 5 anos serão um grande desafio para quem pretende continuar a confecionar com qualidade no nosso país. As gerações mais jovens não abraçam esta área porque acham que se trata de uma profissão muito difícil, não entendem que produzimos obras de arte, e sabemos que, por outro lado, estas obras de arte precisam ser melhor remuneradas. Todos precisamos e queremos ser felizes e o dinheiro tem interferência direta nisso. Ser costureira ou costureiro, não é visto como uma profissão que permita concretizar projetos de futuro, uma carreira”.

A Bless Internacional especializou-se na confeção de vestuário masculino e feminino, contando na sua carteira com marcas internacionais de renome.

Para os próximos 5 anos, Silvia Costa, antevê muitas dificuldades na captação de mão-de-obra dedicada, o que levará a que as empresas sejam forçadas “a importar mão-de-obra que, por sua vez, é cada vez mais qualificada e procura oportunidades mais rentáveis, não sendo, por isso, uma solução eficaz para combater o desequilíbrio que se está a sentir, porque as gerações que conseguem dedicar-se e desenvolver a profissão de costureira está em franco declínio. Aquela que é uma profissão bonita – o saber construir uma peça, perceber como se faz um molde, como se vai vestir, o modo mais elegante de a trabalhar – esta parte mais bela da profissão, acaba por se perder, não é comunicada, o que levará, no futuro próximo, a que tenhamos de aceitar apenas pequenas quantidades de produção, porque tudo que sejam volumes maiores, e que permitam assumirmo-nos como uma economia de escala, não vão poder ficar no nosso país, uma vez que não teremos a capacidade de produção que nos permitirá fazer face aos preços exigidos pelo mercado”. Esta é uma preocupação que a gerente da Bless Internacional crê partilhar com muitos outros empresários da região, acreditando que é necessário haver uma mudança de mentalidade por parte dos gestores das empresas e de quem as apoia, uma mudança que passa, na sua opinião, primeiramente pela “sustentabilidade das nossas pessoas, permitindo que tenham uma vida digna para que possamos pensar na sustentabilidade como um todo. A base maior da sustentabilidade é o Ser-humano”.

“É necessário “desmontar” a carga negativa que tem vindo a ser associada a profissões como as existentes no universo da indústria têxtil e mostrar a importância e a beleza que existe por trás das mesmas e que são, na sua essência, a base da workforce que faz a economia nacional crescer”.

 

Bless Internacional tem apostado em novos segmentos como o homewear.

Quando questionada acerca do que pensa em relação ao apoio que, enquanto empresária, tem por parte das entidades locais, Silvia Costa diz que sente bastante apoio por parte, nomeadamente, do Município de Guimarães, através da sua Divisão de Desenvolvimento Económico, sublinhando que “é um organismo bastante atento àquilo que se passa na indústria têxtil da região, procurando dinamizar da melhor forma o setor e verificando onde existem maiores carências nas empresas”, no entanto, acredita que “deveria existir maior preocupação por parte do Governo central em torno da realidade das empresas na região, melhorando processos, nomeadamente no que diz respeito à excessiva burocracia existente no setor, e fazendo mais “publicidade” a esta profissão para que possamos cativar mais jovens a trabalharem na indústria têxtil. Acredito que se deva proceder a uma mudança no paradigma atual do ensino, principalmente ao nível do ensino secundário, e mesmo universitário, oferecendo uma componente prática maior, para que os jovens possam ter um contacto mais direto com o contexto real de trabalho, experimentando e conhecendo diferentes profissões de modo a perceberem qual a sua real vocação e aquilo que os espera quando entrarem no mundo real do trabalho. Com as novas tecnologias os jovens não têm acesso ao que efetivamente se passa no mundo real, existindo profissões que, por não serem glamorosas o suficiente para aparecerem nas redes sociais, acabam por ser consideradas artes menores. É necessário “desmontar” a carga negativa que tem vindo a ser associada a profissões como as existentes no universo da indústria têxtil e mostrar a importância e a beleza que existe por trás das mesmas e que são, na sua essência, a base da workforce que faz a economia nacional crescer”.

“O ser humano é um todo e não podemos dissociar o trabalho daquilo que somos fora dele, ou seja, quando estamos bem no trabalho estamos bem em casa”

A Bless Internacional é uma empresa certificada regendo-se por normas bem definidas em função dos princípios da sustentabilidade e politica ambiental como padrões de fabrico, mas é na responsabilidade social que assenta a base da gestão da empresa, sendo este um parâmetro que Silvia Costa assume com seriedade, sublinhando que “a forma como eu faço a gestão da empresa tem sempre em atenção o bem-estar das pessoas, para mim devemos estar na empresa como estamos em casa, porque é aqui que passamos a maior parte do nosso tempo e, por isso, devemos sentirmo-nos bem, confortáveis e devemos tratar a nossa empresa com o mesmo amor e carinho que tratamos a nossa casa. Acredito que pessoas felizes a trabalhar são mais produtivas, levam essa felicidade para casa e no dia seguinte querem voltar ao trabalho. O ser humano é um todo e não podemos dissociar o trabalho daquilo que somos fora dele, ou seja, quando estamos bem no trabalho estamos bem em casa”.

São 27 anos de existência e muitos mais estão para vir, num futuro que Silvia Costa afirma “estar em aberto” quando questionada acerca de onde estará a empresa daqui a outros 27 anos, sublinhando que “estamos abertos aos desafios que surgirem, com a certeza que continuarei a trabalhar com o mesmo afinco e com a mesma alegria e a desenvolver todos os projetos que estão em mente, que vão aparecendo e mesmo aqueles que vamos procurando com vista a melhorar a empresa para ajudá-la a crescer. Um crescimento sustentável e sólido. Estamos abertos ao que possa vir!”.

 

– Guimarães Marca